"E vendo e ouvindo esse campeiro tão íntimo da terra e da vida, tão iluminado pela sabedoria do coração... você compreenderá que o homem brasileiro é milagrosamente um só, de norte a sul, de leste a oeste, a despeito de todas as distâncias geográficas - um só no que possui de essencial: a cordialidade, o horror à violência, a capacidade de dar-se, e também de rir da vida, dos outros e de si mesmo." Érico Veríssimo
domingo
Entressafra
Acorda!
Liga a televisão,
que a notícia da hora
(não sei bem o porquê...)
alimenta esperanças.
"Os pobres
estão comendo mais
e melhor."
Livra do peso a consciência,
que o pobre tem comido tanto
que até está ficando obeso!
(Oh, Deus... Dai-me paciência!)
Ou gado magro
já não tem a mesma serventia,
ou pesquisas estão em regime,
ou é a compleição da notícia
que anda bem magrinha,
quase anoréxica.
Tem pão na mesa do pobre,
tem arroz, tem feijão,
tem carne, tem frango, tem peixe...
Muito açúcar e pouco sal
temperando a novidade.
Bem agora...
Pobre é aquele
que vive em famílias
com até meio salário mínimo
por cabeça.
É aquele que conhece
o avesso da vida, -
o milagre de sobreviver
dos pecados do poder.
Logo os indigentes
(A metade do meio salário!)
engordarão contentes
o noticiário.
Acredite se quiser,
a fome está a-ca-ban-do!
Já começa a desaparecer...
O assunto será defunto,
viverá só na memória.
O pobre não é o miserável, não...
É só o gado mais bem marcado.
Coitado! -,
despejado assim da "panela",
onde sempre é alimento...
Tadinho!
Num dia pão,
no outro...circo.
Acorda!
Desliga a televisão.
ju rigoni (2008)
Imagem obtida aqui.
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2 comentários:
Verdade seja dita... pelo menos a gente tenta dizê-la sem tanta hipocrisia.
Bom poema, forte, com a sua verdade que fala por tantas, Ju.
Beijos.
É, também tenho visto a tal bolsa família! Visto não: escutado falar nela. Dizem que é algo de dar orgulho ao nosso povo sem fome, alfabetizado e bem pago...
Só não sei por que tem tanta gente morrendo de fome, de doença, analfabeta e sem teto?
Será que não estou vendo miragens? Dizem, por aí, que as coisas estão melhorando!! Ué...
Belo poema.
Beijos, Ju
Tais Luso
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