domingo

An?!...



Painho, na lida,
esburaca o chão,
enraíza esperas...
Diante do não,
cacteia...

Mainha, embuchada,
já está no caminho,
em busca de água...
No sal do suor
é carne de sol,
sob o azul de um céu
debochado,
cheinho de nuvens
gordinhas,
que nunca chovem...

O menino
esfarela à unha,
e leva à boca,
a rapa durinha
do barro das paredes
da pobre morada.

Barriga estufada,
tão esticadinha!,
aninhando vermes...
Menino-comida.

Pequeno que nasce
g r a n d e
na dor das faltas...
Como é ser criança?...

Ouviu falar,
mas não sabe dizer
o que é esperança...

- É de cumê?...

ju rigoni (1989)

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Um comentário:

manuela baptista disse...

tocante!

um beijo

manuela