Sem rigidez, sem concretos,
sem qualquer contaminação,
o erigir da palavra
matutada em pensamentos,
tostada ao sol inclemente,
harmoniosamente mutilada...
Nessa palavra simples
que o coração compreende
repousam lições
que a razão não aprende...
Verdades brutas, sem trato,
escritas em sulcos profundos
no seco da pele e do chão.
Só não é seca a esperança
que brota do sofrimento,
e a palavra do letrado...
embasbacado,
maravilhado,
diante do inusitado
de um paraíso ao avesso,
que tem na oração o abrigo,
e na música, na poesia...
a mais fiel companhia.
(Poetas e cantadores,
cuidado!
Apontam-nos como culpados,
cruéis exploradores
do chão não irrigado...)
Meu Deus, que melodia!...
Quanta harmonia!...
Quanta beleza pode haver
nesse cantar da palavra,
nesse falar diferente,
nesse correr devagar
que é a vida dessa gente
que não tem com quem contar...
Quanta incoerência!...
É mesmo divina
a providência do impossível
que brota
do impensável possível...
ju rigoni (1982)
Um comentário:
gosto muito visitar teu espaço e ler que escreve,parabéns.beijoss
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