"E vendo e ouvindo esse campeiro tão íntimo da terra e da vida, tão iluminado pela sabedoria do coração... você compreenderá que o homem brasileiro é milagrosamente um só, de norte a sul, de leste a oeste, a despeito de todas as distâncias geográficas - um só no que possui de essencial: a cordialidade, o horror à violência, a capacidade de dar-se, e também de rir da vida, dos outros e de si mesmo." Érico Veríssimo
domingo
Inversos
O pensamento
irriga-se...
Diante de tanta desolação,
ondeia;
inunda em águas
inúteis, salgadas,
o canto dos olhos...
E elas caem
sobre o papel
como mísseis
em meio a uma guerra...
Borram letras,
mutilam palavras,
destroem, na essência,
a justeza do pensamento.
Colocam o poeta
no front
da própria impotência...
Na seca
ou na inundação,
as palavras que salvariam
nunca seriam as suas...
Ainda que atingissem o alvo...
Sem o poder do poder,
o poeta desfolha-se...
Rasga o papel
do poema sem papel...
E afoga-se...
nas águas
da mágoa infinda...
Alivia a seca
que insiste em apoderar-se
da sua poesia...
ju rigoni (1980)
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3 comentários:
Muito bom! Lembrei do "Não há vagas" do Ferreira Gullar: "Só cabe no poema/o homem sem estômago/a mulher de nuvens/a fruta sem preço//O poema, senhores/não fede/nem cheira".
Abraço!
Uau! Poema de irrigar; no papel não mais se escreve, instumescido de tanto poiésis.
Aprendi que um poema não se comenta, então registro sentimentos diante da maravilhosa maneira que vi as lágrimas ganharem vida - uma inundação de emoção!!
Belo. Profundo. Amei!
Como dosse lá no Tecendo, foi quando vi tua carinha rindo pra mim que avaliei a falta que esse rosto sereno faz. Adorei a visita!
Bjo carinhoso. Inté +, querida!
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